sexta-feira, 12 de julho de 2013

Oficina de texto - Colégio Nossa Senhora das Graças- Conta aí parceiro! - Título: O bilhete

- Oi, Tuca! Estava esperando meu sanduíche no balcão da cantina da escola quando ouvi aquela voz de mel perto do ouvido. Era quase um sussurro, e fiquei arrepiado na hora. Sem nem precisar olhar pra trás sabia exatamente quem estava ali: a menina com quem eu vinha sonhando há meses, mas que achava impossível que um dia pudesse me notar. - O...oi, Bebel - respondi meio gaguejante, me perguntando o que a aluna mais bonita e popular do segundo ano podia querer comigo, um cara comum do primeiro ano, meio desajeitado e não exatamente "um gato". - Quer sentar na minha mesa, Tuca? Traz seu lanche aí... - por incrível que pudesse parecer, aquilo era comigo mesmo. Fiquei paralisado de surpresa. Tive medo que ela pudesse ouvir meu coração disparado e quase saindo pela boca. Mas é claro que fiquei megafeliz. Um lanchinho a dois com a garota dos meus sonhos... nada poderia ser melhor. Se não fosse por um pequeno detalhe. "Oi, Tuca", tinha dito a musa. E meu nome é João Gabriel! João Gabriel, e não "Tuca". "Tuca" - ou "tucano" abreviado - é só um apelido idiota que a galera da minha turma colocou em mim... por causa do meu nariz, digamos, um pouco avantajado. Nunca me importei demais com isso (ou pelo menos sempre me esforcei pra não me importar). Afinal, todo mundo na turma acaba tendo apelido: tem o Zé Orelha, o Bola Cheia, o Vítor Dentão, o Marreco, o Caniço... Mas não gostei nem um pouco de ouvir a Bebel me chamando assim. Até porque, sempre que eu me olhava no espelho, aquilo me incomodava. Eu inclusive penteava o cabelo rapidinho, pra evitar de ter que ficar me observando muito, principalmente de perfil. Aquele narigão interminável, curvado pra baixo, com uma corcova meio bizarra... aquele narigão estragava tudo! Estava estragando até o meu encontro com a garota dos sonhos. - E aí, Tuca - ela interrompeu sorrindo os meus pensamentos deprimentes -, vai sentar ou não vai? Tem um tempão que eu estou muito a fim de falar com você... ** Eu, meio desastrado e nitidamente nervoso, sentei devagar imaginando o que aquela garota loira com olhos iluminados poderia querer falar comigo. - Ah sim, falar...está a fim de falar... pode dizer! A voz ainda gaguejante e meu nariz ganhando mais destaque por gotículas de suor que germinavam dos orifícios da minha pele juvenil. - Então, é o seguinte: Sabe seu irmão do terceiro ano: o Dante! Ele está comprometido? Tem namorada ou tem alguém que ele tá saindo... ela ajeitou a mexa do seu cabelo que ganhava mais vivacidade com o reflexo do sol. Eu, enxugando o suor com o guardanapo, mordi um pedaço do sanduíche para ver se ganhava mais tempo. Olhando para Bebel que imediatamente tomou o suco de goiaba que pedira com um sanduíche, não consegui disfarçar a decepção. O Dante, sempre ele- pensei. Alto, moreno, cabelos a la artista hollywoodiano, nariz grande, mas proporcional a sua altivez. Um sorriso discreto, porém mais disposto do que o da Monalisa de Da Vinci. Com esse nome ainda..que nem apelida cabia. O irmão mais velho do Tuca - um pífio mortal, indigno de ser admirado por qualquer aluna da escola, ainda mais pela Isabel Buarque. - Você não vai falar... te fiz uma pergunta tão simples! - Sabe o que é Bebel: eu não sei muito da vida do Dante. Ele está tão envolvido com os estudos para conseguir passar no vestibular da federal para o curso de Engenharia Civil, que não conversamos muito. Ele vive recebendo mensagens, telefonemas de meninas, mas não sei se é algo sério - respondi cabisbaixo. - Hum, penso que se ele estive comprometido, você saberia. Então, quero um favor... Sabia que lá viria a frase: Você pode mandar um recado para ele? Afinal, Bebel era conhecida não somente por sua beleza ímpar, mas também pela autenticidade. Tinha uma tatuagem nas costas com uma frase em latim, tocava guitarra e saiu da cidade interiorana no ano passado para fazer intercâmbio em Londres. De lá, trouxe costumes mais repaginados. Um visual que mesclava a doçura da menina mineira com a atitude de uma mulher cosmopolita. - Você pode entregar um recado para ele? Mas, tem uma condição: não pode dizer quem mandou, do contrário estraga tudo... posso contar com você? - olhou para mim, emborcando um pouco a cabeça e terminando de chupar com o canudo seu suco. Logo pensei: ela quer que eu entregue, não que eu fale. Vai existir um papel que provavelmente será dobrado... um papel que poderá ser rasgado...perdido...nunca dantes encontrado por Dante. O papel já estava pronto e nem sequer dobrado. O conteúdo explicitamente visível com letras rebuscadas, escritas com uma caneta preta com a ponta finíssima, num papel verde claro. "Permaneça na sala na quinta, após a aula de teatro. Alguém precisa falar com você." Pronto! Eis o bilhete. Resumido. Direto. Imperativo. Injuntivo! Era terça, teria dois dias para resolver o destino deles, ou melhor, nosso. Ela entregou-o na minha mão. Eu, meio trêmulo, deixei cair aquele papel, mas rapidamente, resgatei-o. Bebel levantou e com um sorriso atrevido reforçou: -Sem dizer quem é! Combinado? Obrigada João Gabriel... Fui juntando as peças: Dante, apesar de se sair melhor na área de exatas, vivia se debandando para expressões artísticas. Aos 14 anos, ganhou um violão e arriscou tocar clássicos do rock nacional. Agora, aos 17, começou a fazer umas aulas de teatro oferecidas pela escola. E é claro: Bebel, descolada como era, não podia ficar de fora dessas oficinas. Aposto que se flertam a meses. Aposto que aquele sorriso meio de lado, arrebatou o coração dela. E eu aqui, tentando ser notado. Investindo cada segundo do meu recreio naquele olhar... que nunca fora correspondido. É o nariz...essa corcova ridícula! Ai, como me odeio! Chegando em casa, encontrei Dante indo tomar banho. - E aí mano? ele sempre me chamava assim: mano. Não respondi nada e não tinha certeza do que faria com aquele bilhete. Entrei no meu quarto, peguei a bolinha de tênis e fiquei quicando ela no chão, próximo ao cartaz do filme: Star Wars. Pensamentos divergentes ocuparam a minha mente. Primeiro: é, eu nunca vou ter chances mesmo...deixa eles se ajeitarem! Em seguida: como sonho em beijar aquela boca, tocar aquele cabelo macio, ser tomado pelo sentimento mais piegas do amor. Ainda compulsivo nesse ato de quicar a bola, Dante entra repentinamente no quarto. - Posso usar seu netbook, esqueci o cabo da bateria na casa do Paulo, preciso olhar meus e-mails urgente. Não sei por que as perguntas e justificativas. Quando eu vi, ele já estava sentado na escrivaninha do quarto, abrindo minha mochila para pegar uma caneta. O bilhete estava lá, justamente no compartimento da mochila que ele metera a mão. À procura da caneta, Dante pega o bilhete e sorrateiramente esboça aquele seu sorriso de canto. - Gostei mano. Marcando encontros. Quem é a sortuda? - Ninguém. Esse bilhete é seu. Pediram para que eu te entregasse - essa fala saiu automática, quando dei por mim, já havia entregado o jogo, tal como Bebel queria, sem falar quem mandou. Pela primeira vez, vi seu sorriso por completo. Ele pegou o bilhete e estranhamente não indagou nada. Com ar viril, olhou seus e-mails, anotou uma data num papel, transpareceu felicidade, fez semblante de amásio. A quinta chegou. Fiquei na escola à tarde, fingindo estudar na biblioteca. Queria ver isso de perto. A aula de teatro começaria às 17 h, perdurando até às 18 h. Horário interessante para encontros. O entardecer modificando a cor celeste e o prenúncio da penumbra noturna. Era 17:50 h, peguei o livro de Shakespeare, cuja leitura havia sido marcada pela professora de Literatura, e, com ele aberto, me desloquei até a sala do encontro. Fiquei na janela fitando o momento final da aula. Em círculo, cerca de 18 alunos se alongavam. Na sequência, escutei palmas e os alunos se dispersando. Vi Dante. Ele era o mais alto de todos.Vidrei em suas ações. Ele pega sua mochila e senta no chão. Os alunos saem. Ficam na sala somente quatro pessoas. Mas, espera aí: Cadê Bebel? Procurando-a com a direção ocular, percebo tardiamente que uma moça de cabelos pretos começa a conversar com meu irmão. Isabel não estava lá. Uma voz sussurrada se aproxima de mim: - Oi, João Gabriel!- ela falou meu nome pela segunda vez... _ O...oi, Bebel!- calafrios e calafrios. Será que ela chegou para o encontro?- pensei imediatamente. - Tô aqui para certificar de que tudo deu certo. Olhando pela janela, ela reforça: -Parece que sim! A Giovana estava tão ansiosa por esse momento! Ela teve um rolinho com o Dante ano passado, porém precisou mudar de cidade. Agora, ela está de volta, mas como não conseguiu vaga aqui na escola, a forma mais rápida dela encontrar o Dante era nessa aula de teatro. Sugeri o lance do bilhete. Gosto de encontros meio a moda antiga. E você? Veio certificar também? - E...eu! Estava por aqui na escola, precisava pegar esse livro. As gotículas de suor começaram aparecer, mas agora no meu cabelo, -não era ela!Yes! Eu vibrava mentalmente: não era ela! - Que bonitinho... você foi uma graça! Bem, preciso ir andando. Vou ao cinema. A sessão é agora às 18: 30h. Até mais. - De costas, a fitei, tentando tomar coragem para continuar o papo. Mas, imediatamente pensei: ela não irá sozinha. Uma garota como ela não vai ao cinema sozinha. Então, consegui ler a inscrição nas suas costas: Carpe Diem! Sabia que aquela frase do poeta Horácio significava: Aproveite o momento! Não sei se era um sinal, algo parecido com uma mensagem de bilhete. O fato é que a vi desaparecer das minhas vistas e o desejo de tê-la sucumbido pela impotência de não conseguir compreender uma garota tão dúbia: amante de mensagens a moda antiga e com uma tatuagem nas costas. Sobrou a indecisão e... o momento ... não foi aproveitado! ***** Conto de Cris Matos - inverno de 2013.

domingo, 28 de março de 2010

Muros e grades - Engenheiros do Havaí


Muros e Grades

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger - Augusto Licks

Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia

Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido

Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez

Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí... não é por nada não
Não, não pode ser... é claro que não é, será?

Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear

(solidez)

Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder


Essa belíssima canção traz uma letra que precisa ser refletida... Erguemos muros e nos fechamos naquele paraíso artificial que acreditamos erguer!

E somos felizes assim?

sábado, 20 de março de 2010

Texto teatral - Sem querer, me rendi..

Título: Sem querer, me rendi...

Texto teatral baseado na temática em discussão : Advento das tecnologias digitais. Disciplina: Tecnologias contemporâneas na escola II

Prólogo: Num escritório improvisado na casa de Ana - uma dona de casa de 59 anos- há um computador. Suas filhas o utilizam com várias finalidades: trabalho, estudo, entretenimento, mas Ana - uma autêntica admiradora dos sermões de padre e leitora da Bíblia- acha que a telinha virtual 'rouba as almas', já que suas filhas ficam tão condicionadas ao pc e, ela, não sente a mínima curiosidade de mexer em um computador. Mas, numa tarde de terça-feira ao varrer o chão esbarra com a vassoura no estabilizador e uma luz furta-cor enche seus olhos.
Ana: Nossa, o que está acontecendo? Que imagem bonita aparecendo! Nossa, Ralf (olhando para o cachorro da família) tem um monte de figuras pequenas pipocando na tela... E esse som? Foi daqui? Isso é estranho...
(Senta na cadeira em frente e puxa o teclado)
Ana: Ralf, é aqui que a Alice faz aparecer letras na tela? Só pode ser, né...Tem um monte de letrinhas aqui. Será que se eu apertar acontece algo? (Aperta, mas nada acontece)
Te falei Ralf, isso tem vontade própria ....Já escutei a Nina dizendo isso. Isso tem vontade própria e eu a mínima vontade de aprender isso. Nunca vou precisar mesmo.
(Logo depois, chega sua filha Alice da escola)
Alice: Mãe! A senhora no computador? Quem ligou?
Ana: Fui eu, filha. Liguei sem querer. No início, fiquei curiosa, apertei aqui até uma letrinha, mas nada aconteceu..Bobagem minha né! Não tem nada aí para mum também!
( A cena paraliza e entra um coro - 4 pessoas cantam - estilo hip hop)
"PC tem tudo a ver!
Você se deslumbra...
Se informa e se...
impolga!
Se aprender...
não irá se arrepender!"
(O coro sai e volta a cena)
Alice: Qu isso mãe! Tem conteúdos para todas as idades. A Dona Márcia do escritório falou que tem até e-mail. Vamos criar um para a senhora..Te ensino a digitar..Quem sabe até um blog..um facebook!
Ana: Que isso minha filha..que imail o quê...blogue..feicibuque...Fiz book de fotos quando tinha 30 anos...Agora não dá!
Alice: Não é isso mãe (risos)! Mas senta de novo aqui. Pega no mouse..Vou te ensinar a acessar o site do Padre Fábio de Melo..te ensino a abrir o Word e digitar..mais para a frente a gente cria o e-mail ....
Ana: Olha, tem como ver o Padre Fábio por aqui? Nossa...isso é interessante!
Alice: Sim. Clica aqui, tem esse símbolo azul. Pegue direito no mouse...Mãe não precisa de tanta força...Agora clica nessa barra e digita através do teclado : Padre Fábio de Melo.
Para isso, solte o mouse mãe. A senhora só tem duas mãos...
(enquanto a mãe digita..) Alice: Isso..Tá devagar, mas depois a senhora treina a digitação no word. Agora clica no enter, que é essa tecla aqui. Isso! Nossa mãe..que força.
Ana: E agora filha, quero ver meu padre..Aí, meu dedo tá doendo!
Alice: Olha, esse é o site oficial dele..Vamos lá..clica de novo...não precisa de força!
(Ana olha para a tela e aparece fotos, a música do Padre Fábio inicia, letras piscantes)
Ana: Filha, isso é de outro mundo! Até o padre está ..como você diz?
Alice: conectado!
Ana: Nossa até meu padre... Tem como eu ler sobre a vida dele?
Alice: Sim..veja aqui...
Ana: Nossa filha, toma a vassoura...termina de varrer..Vou depois querer ver se tem algo sobre o Reginaldo Manzotti... você me ajuda? Tem como eu mandar um recadinho para ele?
Alice: Calma mãe..Tem sim...Vou te ensinando aos poucos. Mas, nada de ficar aí a tarde inteira. Tenho atividades para fazer!
Ana: Vou pensar no seu caso! Ah...Faça um lanche para mim e traga aqui, tá bom?
( A cena paraliza e entra o coro novamente - 4 pessoas - estilo: marchinha de carnaval)
"Viu! Como se faz...
A internet pode ajudar
É só saber dosar,
tem coisas de montão
foto, sons e informação!"

FIM!
Texto teatral criado por Cris Matos

Inteligência coletiva - Lévy

O sociológo Pierre Lévy ecoa discussões impactantes acerca da revolução tecnológica que vem acontecendo no século atual. No texto: Inteligência coletiva, o autor aponta que voltamos a ser nômades em função da era digital. Somos imigrantes na subjetividade, fazemos parte de uma grande teia, a qual não há torres de Babel na conjuntura virtual.
Segundo ele, num espaço flutuante os indivíduos são "bestas" (entenda como estúpidos), não possuem nenhuma visão de conjunto. A inteligência coletiva que deveria ser distribuída por toda parte mutualmente entre as pessoas infelizmente tende a se perder em sociedades fetichizadas ou hipnotizadas.
Dividido em duas partes, o referido livro aborda primeiramente a "engenharia do laço social" apontando a diversidade cultural atualmente. Vivemos o momento da hibridação cultural e de caminhos desterritorializados. A segunda parte intitulada como "espaço do saber" sob os olhos de uma linearidade antropológica intenta apontar direções de exploração para se repensar a inteligência coletiva.
Pelo que tudo indica, Lévy, como sempre, afirma que temos excelentes instrumentos para vivermos harmoniosamente, mas... nos perdemos nas teias da virtualidade.
Texto produzido por Cris Matos

Navegar no ciberespaço - Santaella

Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo - Lúcia Santaella


Através de uma cronologia acerca dos perfis dos leitores considerando desde os tempos remotos da divulgação da informação até a contemporaneidade, Santaella afirma que há três tipos de leitores cronológicos.

O leitor contemplativo, mediativo é aquele que nasce junto com os papiros. A constituição do livro se dava através de uma composição arcaica, a qual se difundia através de cópias manuscritas, logo num ritmo bastante lento e limitado. O leitor que antes lia em voz alta, após as instituições das bibliotecas na Idade Média, passou a uma leitura silenciosa, o que consequentemente o possibilitou a repensar e subsidiar as teorias desfrutadas com outras páginas lidas. A invenção de Gutemberg possibilitou a multiplicação dos apetrechos literários, o que acabou difundindo a leitura, principalmente a partir do séc. XIX. Já numa época importante da industrialização gráfica, esse primeiro tipo de leitor se vê imerso não só nas leituras possíveis através da tiplogia gráfica, mas no seu âmago, pode atribuir vários sentidos às pinturas, gravuras, mapas, partituras, etc.

O leitor movente, fragmentado já é aquele situado no século XX. A revolução industrial emergiu padrões sociais acelerados. A invenção da fotografia, do cinema, a instituição da impressa disseminaram fronteiras e fizeram circular numa forma mais democrática imagens e notícias do mundo. Um boom visual eclodiu nas ruas. Placas, outdoors, gravuras, dentre outras iconografias mapeam os olhares desses leitores que se veem obrigados a entenderam os muitos signos que os permeam.

O leitor imersivo é o da era digital. Em pleno séc. XXI um campo multifórmico se instala. Sons, imagens, textos, virtualidades se misturam num caldeirão de opções. A leitura mesmo sendo horizontal e virtual se abre a múltiplas opções que linkadas te levam a novas percepções. O atual leitor se vê num labirinto de textos subjetivos, num calendoscópio tridimensional.

Como a própria autora aponta é fato que há uma lacuna nos estudos sobre como o leitor atual se comporta diante das telas da hipermídia, mas se torna urgente fomentar essa discussão para que se saiba utilizar conscientemente as maravilhas digitais.

Pense nisso!


Texto produzido por Cris Matos
Imagem: www.xconomy.com

terça-feira, 16 de março de 2010

Música: Muros tecnológicos

Muros invisíveis se erguem entre nós
Tecnologia criando nós
Paraísos artificias
criam dilemas
que parecem superficiais!
Refrão: Virtuais!
Pensamentos banais!
Informação !
Exagero e alucinação! (3 x)
Letra criada por Cris Matos
Ritmo: Rock

Música: computadores fazem arte - Nação Zumbi



Computadores Fazem Arte
Nação Zumbi



Composição: Chico Science


Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores avançam

Artistas pegam carona.

Cientistas criam robôs

Artistas levam a fama.



Ao som do manguebeat, o incrível Chico Science mistura ritmos regionais nordestinos com ritmos metropolitanos como o rock e hip hop. Resultando disso, é um estilo único e inovador onde letras irreverentes e ao mesmo tempo críticas completam a magnitude da banda Nação Zumbi.

Seguindo a linha do solidificado cenário de bandas alternativas, Nação Zumbi traz como característica fundamental a diversidade da cultura pernambucana e, a mistura de ritmos e instrumentos garantem a autenticidade que falta a muitas bandas da mídia brasileira.

Antenados com os temas em discussão, a música "Computadores fazem arte" nos remete a tão discutida arte digital. Alguns artistas, sabendo que a arte hoje está distante da representação objetiva e intenta dispertar mais o conceito se aventuram nesse campo multifórmico. A mistura de sons, imagens, ideias a tramas virtuais garantem a interatividade com o 'interator' que pensa, repensa e tenta conceituar a arte contemporânea.

Sabemos que a arte é conceituada como "representação", "expressão" e, nada mais natural que o artista parta para esse campo tão discutido e aproxime as temáticas em voga com o público que urgentemente precisa repensar sua posição diante da tecnologia, da robótica.

Uma pergunta me é sucitada a partir dessas observações: qual é o limite da tecnologia? qual é o limite da arte contemporânea? qual é o limite desses temas para você?



Texto produzido por Cris Matos

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manguebeat
Imagem: Kazuhiko Nakamura

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sonhando e acreditando...



Queria ter dado um beijo na testa do Renato Russo e ter dito: muito obrigada; admirado por uma hora Michelângelo pintando uma parte da Capela Sistina; cruzado com Drummond na cosmolita BH e trocar um simples aceno; espiado Van Gogh e Gauguin morando juntos em Arles. Queria ter tido uma sucinta explicação do quadro "O Jardim das delícias" do próprio Hieronymus Bosch; ajudado Amélie Poulain a "sacanear" com aquele vizinho gordinho , dono da feira; visitado Pablo Neruda e beijar sua mão, escutando seus pensamentos e poesias; ter sido fotografada por Man Ray; ter sido figurante do filme "Dançando no escuro"; estar ao lado de Grace, protagonista de "Dogville" e visto ela autorizar aquela chacina que matou todos aqueles hipócritas(ambos filmes de Lars Von Trier); subido ao palco com Bono na hora da música With or Without e abrir os braços cantando escandalosamente alto (aqui no Brasil). Queria ter sido focalizada pelos olhos doces e inquietantes do pintor Amadeo Modigliani e ser sua modelo; ter tido um sessão no divã com Clarice Lispector; estado no show de Roger Watters -Live in Berlin- principalmente na hora em que o muro foi fechado; participado da semana de 22 (como espectadora mesmo); dado um aperto de mão em J. Salinger e pedir que autorize o filme "O apanhador no campo de centeio"; conhecer Boal e participar do teatro do oprimido juntamente com ele; ter escutado Paulo Freire e suas defesas em prol da educação...


Fecho meus olhos e tudo isso acontece!

Texto elaborado por Cris Matos

Pintura óleo sobre tela feita por Cris Matos em dez./2009





domingo, 14 de março de 2010

Mãos a obra! postagem 1- comunidades virtuais


O nome comunidade nos remete ao que é comum, socialização. Pensar em virtual é pensar em meios de comunicação, mais especificamente algo que acontece a distância.
Centrando nos dias atuais, uma pessoa já nasce envolvida em uma cadeia eletrônica de informações globalizadas, com televisão via satélite, videogame, computador e redes telemáticas – mais precisamente, a Internet. Sendo assim, a quantidade de informações que esse indivíduo recebe diariamente é monstruosa, fazendo com que crie “mecanismos” de defesa para filtrar o que lhe é mais conveniente. Para poder processar esse montante de informação em tão pouco espaço de tempo (que é a base de uma mensagem sublimar, ou seja, que atinge também o subconsciente), o jovem desenvolveu o dom de analisar as coisas mais rapidamente.
Esse cenário se solidifica em campos desterritorializados. Vive-se o auge das relações híbridas onde a conjuntura social está num patamar global, conectado. Logo, as pessoas estão em constantes interações, não há muros de Berlim na divisão cultural.
No campo da artes, a web art representa esta arte interativa colocando a mais nova arte digital num campo multifórmico, interconectando-se com outras formas artisticas como a arte performática. Nas comunidades virtuais a web art é democrática. Com imagens, textos, movimento e som reunidos pelos artista, os espectadores podem navegar por incríveis montagens multimídias, ou melhor, hipermídias.
Como se vê, a internet oferece um novo modo de distribuição e uma nova mídia baseada nos infinitos caminhos tecnológicos também para o campo da arte e, os caminhos desterritorializados se abrem com força total para a interação das comunidades virtuais.
Fontes:
Ulbricht, Vânia Ribas. Hipermídia. Florianópolis: BookStore, 2000.160 p.
Dempsey, Amy. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosacnaify, 2005.


Grupo Artes-Teatro Paracatu


Meus colegas e amigos ...Mentes pensantes e praticantes em prol da Arte, da educação.

sábado, 13 de março de 2010

Aprendiz virtual

Esse fenônemo chamado internet...Num piscar de olhos algo novo surge.
Me lembro com muito carinho o primeiro diário que comprei...Rosa, com folhas desenhadas e claro, com um cadeado. Acreditávamos que esse cadeado era capaz de guardar todos os nossos segredos e inquietações juvenis.
Agora, nos deparamos com uma revolução nas comunicações. O diário pode ser eletrônico e consequentemente mais cauteloso! Aqui serão expostas preferências, opiniões, interações. Aos que querem compartilhar comigo desse momento, o qual o cadeado se abrirá para, acredito, ricas construções, o que digo é: sejam bem-vindos!